No meio das ruínas de oito longos meses de conflito, a comunidade muçulmana em Gaza se prepara para comemorar o Eid al-Adha neste domingo, uma ocasião religiosa significativa marcada pelo compartilhamento de carne sacrificada entre entes queridos e necessitados. O termo “Adha” significa sacrifício, e o ritual costumeiro de abater um carneiro, cabra ou vaca neste dia simboliza a prontidão do profeta Abraão em oferecer seu filho como sacrifício a Deus.
No entanto, a situação em Gaza este ano está longe de ser celebratória. O território palestino tem sido assolado por uma fome generalizada, já que Israel lançou uma campanha militar implacável contra o enclave, resultando em restrições rigorosas à entrada de suprimentos essenciais, incluindo ajuda humanitária.
O líder da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que grande parte de Gaza enfrenta “fome catastrófica” e “condições semelhantes à fome”. Um relatório da ONU acusa tanto os grupos armados palestinos quanto Israel de cometerem crimes de guerra, incluindo o uso da fome como arma de guerra e a profanação de cadáveres, inclusive profanação sexualizada, decapitações, lacerações, queimaduras e a separação de partes do corpo.
Apesar dos esforços dos EUA para mediar um cessar-fogo, Israel e Hamas permanecem distantes em demandas cruciais. O secretário de Estado Antony J. Blinken revelou que Hamas apresentou inúmeras mudanças à proposta de cessar-fogo, algumas das quais são aceitáveis, enquanto outras não.
À medida que a ofensiva israelense continua, os gazanos enfrentam outro feriado sombrio, com a comemoração do Eid al-Adha ofuscada pela devastação da guerra e pela luta pela sobrevivência em meio à escassez de alimentos e suprimentos.